Comportamento
Você deixa a porta aberta para a felicidade entrar?
ESTADÃO | Luciana Kotaka
Sei que o conceito de felicidade está muito engessado, muitos acreditam que para ser feliz é preciso ter um parceiro, fazer muitas viagens, ter condições de comprar o que se deseja ou mesmo ter sucesso. É verdade que todos esses aspectos são importantes em nossa vida, afinal vivemos em um plano em que o material se faz necessário e proporciona experiências altamente prazerosas.
Mas será que quem tem tudo isso é feliz? Ou melhor, será que para ser feliz isso tudo que citei acima basta? Tenho ao longo desses anos ouvido tantas queixas em consultório e fica claro que mesmo tendo dinheiro, um bom parceiro e sucesso, as pessoas se sentem incompletas. Relatam uma insatisfação da qual não sabem nomear, um vazio que grita, incomoda e, muitas vezes, leva a um sentimento de tristeza intenso.
É verdade que nem sempre acreditamos que somos capazes de ter prosperidade, lembrando que esse conceito está ligado a saúde, amor, trabalho, paz, alegria, etc. Muitas vezes sentimos que não somos merecedores, ou mesmo carregamos muitas cargas emocionais atreladas a crenças de dificuldades e avareza, que são tão fortes que inconscientemente caminhamos na direção errada, fortalecendo ainda mais o sentimento de que nunca seremos felizes.
Junto a essa mistura de sentimentos e sensações, a realidade vai se mostrando caótica e, aos poucos, vamos perdendo a energia e a disposição de buscar outros caminhos. Aí sim tudo desaba.
Nesse momento te pergunto: você tem deixado a porta aberta para a felicidade entrar?
Tenho quase certeza de que a grande parte das pessoas que irá ler esse texto dirá que sim, mas será mesmo?
Quando essas mesmas pessoas sentam a minha frente no consultório, vou ouvindo, montando as peças do quebra-cabeça e de repente tudo fica claro. A resposta normalmente é um grande não para a felicidade. Sei que parece incompreensível em um primeiro momento, mas a verdade é que ficamos atrelados ao passado, a vivências de família, a experiências ruins que fomos expostos e de forma inconsciente seguimos o mesmo caminho trilhado por toda linhagem familiar. É como se fizéssemos alianças, nos dispomos a ser tão infeliz, seguir um caminho tão sem cor como o de outras pessoas que amamos.
Então, nesse momento pare e olhe para trás. Como ser diferente dos demais? Como ousar viver um relacionamento feliz e tão diferente de seus pais? Ter sucesso financeiro e poder usufruir o que não tiveram? Pense e com calma retorne a sua história de vida e tente entender o que vem se repetindo. Talvez agora você consiga ver com mais clareza o porquê deixa a porta da felicidade fechada e possa então buscar mudar a realidade atual.
Mudar não é tão simples, perceber as repetições também não garante a felicidade, mas abre caminhos para buscar fazer diferente, ser grato por tudo o que foi aberto para você, mas, principalmente, sentir-se livre para andar por si mesmo, sentindo-se no direito sim de ser feliz.