Depressão
O que fazer quando a tristeza não passa?
JORNAL OPÇÃO
A depressão é um transtorno comum, porém grave, que afeta a maneira como você se sente, pensa e até lida com atividades comuns, como trabalhar, dormir e comer. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), os casos de depressão aumentaram quase 20% na última década, transformando-se na maior causa de incapacidade no mundo.
De acordo com Murilo Ferreira Caetano, psiquiatra e professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), a depressão é um doença que pode ser causada por vários fatores e o diagnóstico envolve a separação clara de uma tristeza comum com a depressão em si.
“Muitas vezes, o que mais chama a atenção para o paciente que está deprimido não é a tristeza, e isso gera uma confusão e um atraso na busca por ajuda”, explicou em entrevista ao Jornal Opção.
O especialista destaca, ainda, que a prevalência da depressão nas mulheres é quase o dobro que nos homens. A explicação para isso passa por questões hormonais e culturais.
Além disso, afirma Murilo, a doença não possui uma causa específica. “Existe uma série de fatores de risco, tanto genéticos quanto condições ambientais, como eventos adversos na infância, situações traumáticas no decorrer da vida e doenças graves”, indica.
Diferente dos casos de ansiedade, não há nenhuma medicação de efeito rápido que resolva um quadro depressivo. O paciente diagnosticado com depressão pode ficar extremamente ansioso e, a partir de um tranquilizante, encontrar um alívio pontual. Apesar disso, os antidepressivos são conhecidos pela demora para agir, fazendo efeito em cerca de semanas ou até meses.
Sintomas
O paciente precisa ficar atento em casos em que há perda de prazer nas atividades e não há alegria por coisas que antes traziam felicidade. Além disso, pode existir uma tristeza contínua, com perda de motivação e disposição.
O que acontece ainda, é que muitas vezes, o que mais chama a atenção para o paciente que está deprimido não é a tristeza, e isso acaba por gerar confusão e atraso na busca por ajuda.
Por isso, é importante ficar atento a algum desses sinais, que podem aparecer de forma mais marcante em cada um:
–desânimo;
-cansaço;
-dor no peito;
-dores corporais;
-dores musculares difusas;
-alteração do sono;
-insônia;
-aumento da sonolência;
-alterações fortes de apetite.
Diagnóstico e tratamento
Murilo explica que um especialista precisa fazer uma avaliação da história do paciente, assim que ele chega ao consultório. É preciso contextualizar o que ele sente e é importante separar a depressão da tristeza normal. Depois disso, é feito um exame psíquico que envolve exames cognitivos.
O tratamento, por sua vez, é baseado em uma tríade que inclui medicamentos, psicoterapia e exercícios físicos. De acordo com ele, se o caso for extremo, existem ainda alternativas mais radicais e pouco utilizadas, como eletrochoque e até cirurgia.
Apoio familiar
Como a depressão não afeta apenas o paciente, mas também aqueles que se relacionam com ele, um dos pontos chave para os amigos e familiares é tentar compreender, não fazendo nenhum tipo de pré julgamento.
“Na nossa sociedade ainda há estigmatização de pessoas com sofrimento psíquico. Isso as vezes é visto como frescura e falta de força de vontade, mas esse pensamento, na verdade, só atrapalha”, orienta o médico.
Murilo explica, ainda, que a vontade do paciente não é garantia de melhora. “É o mesmo caso de uma pessoa quebrada, que não vai voltar a correr só por força de pensamento”, explica. Por isso, a compreensão, compaixão e o respeito ajudam bastante os pacientes.
Drogas e suicídio
Pessoas depressivas acabam usando drogas na tentativa de aliviar o sofrimento, principalmente aquelas que são estimulantes, mas o que se sabe é que essas drogas geram uma euforia momentânea, mas, quando o efeito passa, é comum ficar ainda mais deprimido.
A depressão também é um dos principais fatores de risco para a prática do suicídio. “Sabemos que a maior parte das pessoas que se suicidam possuem algum transtorno mental, entre eles, o mais comum é a depressão”, diz o especialista.