Ansiedade, frustração e os relacionamentos virtuais

Afinal, diante de um mundo em que a ansiedade transborda, como lidar com a frustração? E quando isso vai para o campo do sentimento, a exemplo dos relacionamentos virtuais?

Ansiedade, frustração e os relacionamentos virtuais

De acordo com a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa, a frustração ‘é toda vez que a gente imagina, ou idealiza, alguma coisa e não sai exatamente como a gente queria’. Mas ela considera que o sentimento está ligado ‘à nossa capacidade de resiliência, de transcender e até de evoluir’.

‘Se a gente for pensar bem, o homem como espécie evoluiu através de muita frustração’. Por exemplo: era necessário caçar para alimentar – nem sempre o mesmo prato, e se fosse possível. ‘E isso fez com esse espécie, nós, sem pelo, sem grandes dimensões, chegássemos ao topo da hierarquia animal na Terra’.

Aborrecimento

Beatriz Barbosa ressalta que frustração não é causar aborrecimento. Pois ‘ela faz parte do nosso sofrimento. Eu não sei é se as pessoas se dão conta disso’. Com a praticidade do dia a dia, as novas gerações tendem a se frustrar mais facilmente.

Esse sentimento, quando resultado dos relacionamentos virtuais, muitas vezes sem até o contato físico, ‘mostra como não estamos preparados para essa vivência tão intensa virtual’. Beatriz Barbosa observa que uma relação de verdade requer ‘pele, contato e talvez o abraço seja o maior instrumento desse contato, que desperta muitos aspectos, muitos afetos. Que faz a produção de vários hormônios, principalmente a ocitocina‘.

Carência

Ela afirma ainda não poder definir se esse tipo de relacionamento, quase que exclusivamente à distância, se trata de carência ou de uma nova era que estamos vivendo, que a artificialidade e a distância vão imperar.

Afinal, será que a falta de tempo de conhecer uma pessoa, passo a passo, pode ser substituída pela agilidade de aplicativos que praticamente escolhem por nós? Até quando a ansiedade vai nos impedir de viver, parte por parte, todo o processo de conquista?